Num momento em que o ruído das notícias muitas vezes ofusca os dados,um estudo de escala impressionante surge para trazer clareza baseada em evidências. A pergunta que muitos fizeram nos últimos anos – “e os efeitos a longo prazo das vacinas?” – acaba de receber uma das respostas mais robustas até hoje, e ela é profundamente tranquilizadora.
Pesquisadores franceses do grupo científico Epi-Phare, ligado às principais agências de saúde do país, mergulharam nos dados de saúde de 28 milhões de adultos (entre 18 e 59 anos). O objetivo era simples e crucial: comparar, ao longo de anos, o que aconteceu com quem se vacinou e com quem não se vacinou contra a COVID-19.
Os resultados, publicados recentemente, são elucidativos e vão além do esperado. Em comparação com os não vacinados, as pessoas que receberam pelo menos uma dose da vacina de mRNA apresentaram:
- Um risco 74% menor de morte por COVID-19 grave.
- Um risco 25% menor de morte por TODAS as causas ao longo do período do estudo.
O que esses números significam na prática?
Eles indicam que a vacinação oferece uma dupla proteção.A primeira e mais óbvia é a defesa direta contra o desfecho fatal da infecção. A segunda, mais abrangente, sugere que ao prevenir os casos graves e as possíveis sequelas da COVID-19 (a chamada "COVID longa"), a vacina contribui para uma saúde geral melhor e, consequentemente, para uma maior longevidade.
Desmistificando os temores de longo prazo
Talvez o achado mais significativo para acalmar ansiedades infundadas seja este:os cientistas não identificaram nenhum aumento na mortalidade por outras causas entre os vacinados. Não houve excesso de mortes por câncer, doenças cardiovasculares ou acidentes. Pelo contrário, as taxas foram iguais ou até inferiores no grupo vacinado.
A principal limitação do estudo é que se focou em adultos com menos de 60 anos, não permitindo extrapolar diretamente para os idosos – grupo que, sabemos, é o mais vulnerável ao vírus.
Um farol de dados em um mar de desinformação
Este estudo,pelo seu tamanho e metodologia robusta, serve como um poderoso contraponto à desinformação. Ele corrobora, com números incontestáveis, que a vacinação contra a COVID-19 é uma ferramenta segura e eficaz que não apenas combate uma doença específica, mas está associada a um horizonte de vida mais amplo e saudável.
Num mundo pós-pandemia, onde a COVID-19 se tornou endêmica, essa pesquisa reforça que a decisão de se vacinar e manter os reforços recomendados permanece uma das escolhas mais sábias para a proteção individual e coletiva. A ciência, pacientemente, continua a nos mostrar o caminho.
