A recente fase de avaliação do Fundo de Desenvolvimento Econômico Local (FDEL) trouxe uma conclusão animadora: há uma vontade vibrante e criativa entre os moçambicanos para desenvolver projetos e participar ativamente na economia nacional. De pequenos empreendimentos a ideias inovadoras, a resposta da população foi expressiva e reveladora de um potencial que clama por oportunidade.
No entanto, essa mesma resposta expôs um dos maiores desafios do programa: a demanda supera, de longe, a capacidade financeira disponível. As autoridades já admitiram que nem todos os projetos poderão ser financiados de imediato, uma frustração compreensível para muitos candidatos. Como alternativa, o governo anunciou a previsão de duplicar os recursos no próximo ano, com o objetivo de incluir gradualmente mais beneficiários — mesmo aqueles com projetos de menor escala.
Paralelamente, noutra frente de ação do Estado, persiste a delicada questão do regresso das famílias deslocadas nas províncias de Cabo Delgado e Nampula. O governo reitera que o retorno é voluntário e condicionado à garantia de segurança total. No entanto, testemunhos e análises no terreno continuam a levantar dúvidas sobre se as condições reais de proteção e infraestrutura estão realmente asseguradas.
No final, fica uma pergunta que é também um desafio coletivo: Será que o FDEL - e as políticas públicas em geral - conseguirão acompanhar o ritmo, a vontade e a criatividade da população moçambicana?
O sucesso dependerá não apenas de mais financiamento, mas também de transparência, eficiência na gestão e, acima de tudo, de uma escuta genuína às necessidades e aos contextos locais.

