A conversa nas ruas e mercados de Chimoio,nos últimos dias, tem um tema quase unânime: o preço da proteína animal está a fugir ao controle. O frango vivo, item básico na dieta de muitas famílias, deu um salto assustador. De repente, a marca de 350 meticais ficou para trás e o novo patamar mínimo são 500 meticais por unidade.
Não é um aumento, é uma escalada. E não veio sozinho: a dúzia de ovos, outra fonte essencial de nutrientes, acompanhou a tendência, saltando de 200 para 280 meticais. São números que pesam no bolso e mudam o cardápio das casas moçambicanas.
Aqui reside um paradoxo que merece reflexão: toda esta situação desenrola-se no coração da província de Manica, a maior produtora de frango de Moçambique. Como explicar que na terra da abundância produtiva, o consumidor final enfrente preços considerados proibitivos?
A pergunta que fica no ar, e que precisa de resposta, é: onde está a ruptura na cadeia? Entre a granja e o talho, que factores – custos de transporte, intermediários, escassez de ração, ou outros – estão a inflacionar o produto final desta forma?
É um cenário que vai além da economia doméstica. Fala sobre logística, sobre política agrícola, sobre acesso ao mercado. Enquanto isso, na cidade de Chimoio, o consumidor paga a conta, literalmente, e vê o prato principal do almoço de domingo tornar-se um artigo de luxo.
O que pensa sobre este descompasso? A solução passa por consumir local com mais força? O debate está aberto.

